Virtudes de Graça Foster revelaram-se inúteis
Josias de Souza
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Graça
Foster esteve no Congresso pela enésima vez. Submeteu-se a uma
inquirição na nova CPI da Petrobras. No ano passado, ainda no comando da
estatal, ela cansou a língua de tanto repetir que a companhia tinha
controles internos confiáveis. Hoje, já apeada da presidência da empresa
pelo escândalo da Lava Jato, Graça se diz constrangida e envergonhada.“Lógico que passo horas do meu dia pensando em tudo o que está acontecendo na Petrobras. Eu entrei aqui, nas outras CPIs, em audiências, com muito mais coragem do que entro hoje aqui”, ela reconheceu perante os deputados que integram a comissão. “Eu tenho realmente um constrangimento muito grande, por tudo isso, de olhar pra vocês.”
Guiando-se pela cartilha de Lula e Dilma, Graça reiterou que também “não sabia” que prepostos do PT, do PMDB e do PP violavam as arcas da Petrobras à larga, arrendando a estatal a bolsos espertos, à tesouraria clandestina dos partidos e à caixa registradora cartelizada das empreiteiras corruptoras.
O Brasil sabia pouco de Graça Foster até fevereiro de 2012, quando Dilma a promoveu de diretora de Gás e Energia a presidente da Petrobras. De origem humilde, ela dedicara a vida à estatal. Construíra uma fama de austeridade, eficiência e honestidade. Mas todas as virtudes da boa senhora revelaram-se uma hedionda inutilidade.
Até prova em contrário, Graça Foster, aposentada sob desmoralização, vai perambular pelos desvãos do noticiário por um bom tempo como um exemplo de administradora inocente, que emprestou sua boa reputação para que os colegas corruptos utilizassem como fachada para a mais desavergonhada operação de pilhagem já vista no país. Graça acha que a Petrobras merecia uma presidente mais eficiente do que ela. Bobagem. Bastaria ser menos cega.
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