terça-feira, 17 de março de 2015



CUT e Cia. salvam a Petrobras de sujeito oculto

Josias de Souza
A defesa da Petrobras é um dos principais motes das manifestações promovidas nesta sexta-feira pela CUT e seus aliados sociais. Deseja-se defender a estatal contra a ação deles. Fala-se muito “deles”… deles… deles.” Todo mal da Petrobras é culpa “deles”. A estatal está sendo destruída por “eles”. Falta aos protestos alguém que tome de assalto o megafone e grite uma singela pergunta: “Quem são eles?”
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Manifestações em defesa da Petrobras90 fotos

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13.mar.2015 - Manifestantes interditaram uma faixa da avenida Paulista no sentido Paraíso, durante manifestação em defesa da Petrobras. Além de ressaltar a defesa à estatal e se colocar contra o impeachment da presidente Dilma, o protesto, organizado pela CUT (Central Única de Trabalhadores), também tem por objetivo pressionar o governo federal a reverter as decisões que restringem os direitos trabalhistas, além de pressioná-lo a realizar a reforma política Leia mais Eduardo Anizelli/Folhapress
Muitos manifestantes talvez parem, travados. Quem são eles? Ora, eles são os outros, esses seres impalpáveis, responsáveis por tudo. Eles podem ser os corruptos, os corruptores, os neoliberais tucanos, o capital financeiro internacional, o procurador Janot, a mídia golpista… Eles são todos, menos a “esquerda” e o “governo democrático e popular do PT”.
Na Petrobras, o dinheiro saiu pelo ladrão porque os ladrões entraram nos cofres da estatal. Quem abriu a porta do galinheiro para os diretores indicados pelas raposas do PT, PMDB e PP foi Lula. Quem vigiava o poleiro era Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
Supremo paradoxo: em Salvador, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, estrelou a manifestação desta sexta-feira. Foi sob Gabrielli que a ação partidária na estatal potencializou-se. Em fevereiro de 2012, Gabrielli falou sobre o fenômeno no programa Roda Viva (aqui).
A certa altura, perguntaram-lhe por que os políticos cobiçavam diretorias da Petrobras. E Gabrielli: “Nós estamos numa democracia, meus senhores e minhas senhoras. Numa democracia em que os partidos são legítimos, em que os partidos representam o interesse do povo brasileiro. Ou vocês querem negar o direito dos partidos?”
Democracia partidária na Petrobras? “Vocês querem negar o direito dos partidos. A democracia exige partidos. Muito mais importante ter partidos do que não ter, do que ter uma ditadura.” Alguém lembrou a Gabrielli que ele presidia uma estatal de capital aberto, com ações na Bolsa. Outro entrevistador repetiu que havia gente indicada por Collor na companhia.
“O senhor Collor de Mello é senador eleito”, justificou-se Gabrielli. “Eu discordo da política dele, mas esse é outro problema. Ele é legitimamente eleito.” Ante a insistência dos entrevistadores —qual é o interesse dos partidos na Petrobras?—Gabrielli soou assim:
“Os partidos participam da gestão do Estado. Isso é parte da prática democrática. Isso é parte da democracia. Os partidos são legítimos. Nós podemos discordar. Eu discordo. Você sabe que eu sou um homem de partido. Eu discordo de alguns partidos, mas é legitima a existência dos partidos. Querer que não existam partidos é autoritarismo. Pode ser um déspota esclarecido, mas é um déspota.”
Nomeado sob Lula, Gabrielli só foi substituído por Dilma em 2012, segundo ano de sua primeira gestão. Saiu sob elogios pelos serviços prestados. Já nessa época, o petista Gabrielli não era um bom exemplo. Pior: era um extraordinário aviso. Não viu quem não quis. Agora responda rápido: quem são eles?




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