Tancredo Neves (com mão levantada) comemora resultado da eleição do Colégio Eleitoral em Brasília em 15 de janeiro de 1985. Tancredo foi eleito presidente do país por 480 votos contra 180 recebidos pelo seu único adversário, Paulo Maluf Folhapress
Tancredo Neves (com mão levantada) comemora resultado da eleição do Colégio Eleitoral em Brasília em 15 de janeiro de 1985. Tancredo foi eleito presidente do país por 480 votos contra 180 recebidos pelo seu único adversário, Paulo Maluf
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Em 15 de janeiro de 1985, a atenção dos brasileiros se voltou para uma votação realizada no Congresso Nacional, em Brasília. Em jogo, estava o cargo mais importante do país, a Presidência da República.
Pela primeira vez desde o início da ditadura militar, em 1964, um presidente civil seria eleito. Mas não da forma como queria a multidão que foi às ruas no ano anterior durante o movimento Diretas Já, que pedia eleição direta.
Na disputa, apenas duas chapas. Pela Aliança Democrática, de oposição, Tancredo Neves (PMDB) e, como vice, José Sarney. Pelo PDS (Partido Democrático Social), o governista, Paulo Maluf e seu vice Flávio Marcílio.
Como previsto pelos institutos de pesquisa, Tancredo saiu vencedor. Milhares de pessoas fizeram festa para comemorar não apenas a eleição de um presidente civil, mas também o fim de 21 anos de poder autoritário, de repressão e censura.
Dez curiosidades sobre embate entre Tancredo e Maluf
Eleição indireta
Tancredo foi eleito presidente da República de forma indireta, tipo de votação na qual o povo não vai às urnas para escolher seu representante. Em 15 de janeiro de 1985, 686 deputados, senadores e delegados estaduais do Colégio Eleitoral se reuniram no Congresso Nacional para definir o sucessor do presidente militar João Baptista Figueiredo (foto)Foto: Fábio M. Salles/Folhapress
Maluf na frente
O pleito teve 2h30 de duração, das 9h56 às 12h26. A votação foi feita por bancada estadual, começando pelo Norte e terminando na região Sul. Maluf (à esq.) ficou à frente no placar durante os primeiros minutos da sessão, enquanto votavam os componentes da mesa diretora e os deputados e senadores do Acre. Depois disso, Tancredo liderou o placarFoto: Estadão Conteúdo
Confusão
Um deputado quase foi agredido durante a votação. O malufista Nilson Gibson (PSD-PE) se absteve de votar e por isso quase foi agredido pelo deputado e cantor Agnaldo Timoteo (PDT-RJ), tendo de sair às pressas do plenárioFoto: Alessandro Shinoda/Folhapress
Tancredo eleito
Tancredo foi eleito por 480 votos (69%) contra 180 (26%) recebidos por Maluf. Foram registradas nove ausências --cinco do PT, duas do PMDB, uma do PDS, e de Jiúlio Caruso (PDT), que estava acidentado. Também houve 17 abstenções, entre elas a do líder do PDS na Câmara, Nelson Marchezan, que foi vaiado. Maluf não venceu em nenhum EstadoFoto: Folhapress
Festa no 344º voto
O voto mais comemorado, mais até que o anúncio do resultado final do pleito, foi o proferido pelo deputado João Cunha (PMDB-SP), o de número 344, quantidade que corresponde à maioria absoluta necessária para conseguir a eleiçãoFoto: Estadão Conteúdo
Dissidência derrotou Maluf
Maluf parabenizou Tancredo, que chegou a ter larga vantagem sobre o adversário desde o início da campanha, que durou cinco meses. Dias antes do pleito, Maluf chegou a admitir a derrota. "Não adianta chorar o leite derramado", declarou. Sua derrota foi atribuída à dissidência pedessista. Até o vice do presidente João Baptista Figueiredo, Aureliano Chaves, se desligou do governista PDSFoto: Estadão Conteúdo
Críticas a Sarney
A quantidade de votos recebida por Tancredo poderia ter sido maior, caso não fossem as críticas que setores da oposição faziam ao seu candidato a vice, José Sarney (à dir.), que havia sido presidente do governista PDS. Sarney renunciou à presidência do partido em junho de 1984. Ele defendia a realização de prévias para a escolha do candidato do partido, mas Maluf se recusou a participarFoto: Jorge Araújo/Folhapress
Após discurso, povo fica sem aceno
Após a divulgação do resultado da votação, Tancredo fez um discurso de 19 páginas e 31 minutos: "Esta foi a última eleição indireta do país; venho para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas indispensáveis ao bem estar do povo". Eufóricas, dezenas de pessoas suportaram chuva forte em frente ao Congresso, na esperança de ver o presidente, mas ele não deu as carasFoto: Folhapress
Festa da vitória
Em frente ao Congresso, cerca de 5.000 pessoas comemoraram o resultado da eleição com trio elétrico, charanga, samba, frevo, maracatu, bandeiras do Brasil, do Corinthians, Flamengo, de partidos comunistas. As pessoas gritavam "A liberdade chegou!"; "Acabou, acabou a ditadura"; "Chora Figueiredo, Figueiredo chora. Chora Figueiredo que chegou a sua hora.; "Ia, ia, ia, acabou a mordomia"Foto: Estadão Conteúdo
Aniversário de Figueiredo
Tancredo foi eleito no mesmo dia do aniversário de João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar, período que durou 21 anos no país. Ele comemorou a data na Casa de Saúde São José, no Rio, onde estava internado por causa de uma cirurgia na colunaFoto: Estadão Conteúdo
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Greves, protestos e Diretas-Já movimentaram as ruas nos anos finais da ditadura10 fotos
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No final do governo Geisel (1974-1979), a violência repressiva e o controle policial leva a ditadura militar a uma situação insustentável. Após o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho serem mortos durante tortura, o presidente Geisel demite o ministro do Exército general Sylvio Frota em 1977. Na foto, uma manifestação estudantil contra a repressão militar em São Paulo no ano de 1977 Folhapress
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